segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Convite - MUSEU DE CERÂMICA DE SACAVÉM, 22 DE OUTUBRO PELAS 15 H


MUSEU DE CERÂMICA DE SACAVÉM, 22 DE OUTUBRO PELAS 15 H - À CONVERSA COM CLÁUDIA EMANUEL SOBRE A AZULEJARIA DE JORGE REY COLAÇO

JORGE COLAÇO nasceu em Tânger em 1868 e faleceu em 1942. Fez os estudos artísticos em Madrid e em Paris. Em 1903, já em Lisboa começa a experimentar um novo suporte para as suas pinturas, o azulejo, dado que havia conhecido os Gilman, proprietários da Fábrica de Sacavém, o que lhe permite ensaiar o seu traço sobre um novo suporte. Em data incerta, Colaço vai trabalhar, para a fábrica de Sacavém e aí permanece até 1924. A partir desta data vai trabalhar para a Fábrica Lusitânia em Lisboa, em atelier independente da fábrica, tal como tinha acontecido em Sacavém e aí permanece até 1942.
O estudo da obra azulejar que tenho vindo a fazer abrange apenas Portugal, Açores e Madeira e permitiu inventariar cerca de 1000 painéis, em 116 locais diferentes. Colaço pintava azulejo segundo a técnica tradicional, isto é sobre vidrado cru. Pintava também com a técnica da estampilha, da estamparia, da corda seca e terá ainda utilizado a técnica da serigrafia cerâmica, a quem se atribui, sem certeza, ser pioneiro. Pintou sobre chacota texturada, utilizou prateados, dourados, mas principalmente inovou. Colaço pintou painéis sobre vidrado já cozido!
Colaço num artigo que ele próprio escreve em 1933, refere ter como base essencial do seu trabalho um lema: Portugal. Pelas razões que o próprio invoca a temática da portugalidade é diversificada, desde cenas históricas, a cenas de carácter militar, cenas etnográficas (rurais e piscatórias), cenas religiosas, episódios da literatura de Camões e de outros autores … um manancial de temáticas a que uma imaginação criativa não ficou alheia.
Até ao ano de 1930, a expansão da rede ferroviária originou uma enorme renovação das antigas estações ferroviárias e Colaço foi o primeiro dos escolhidos para esta empreitada o que nos permite contemplar a bela Estação de S. Bento no Porto, com azulejos produzidos na Fábrica de Sacavém.

Cláudia Emanuel Franco dos Santos, licenciada em 2001 em «Pintura» na Escola Universitária das Artes de Coimbra e em 2008 em «Cerâmica», na mesma universidade. Pós graduação em “Património Artístico e Conservação” na Universidade Portucalense do Porto (2004). Mestre em “Património Artístico e Conservação” na Universidade Portucalense do Porto (2007) com dissertação subordinada ao tema “Artes decorativas nas fachadas da arquitectura bairradina. Azulejos e fingidos (1850-1950) ”. A dissertação versa os diferentes tipos de artes decorativas existentes na arquitetura da casa bairradina, aborda de uma forma sucinta a produção azulejar, as distintas técnicas de decoração e quais as principais alterações ocorridas nos paramentos azulejares. Abrange ainda a temática dos azulejos fingidos, tipos, anomalias e problemas de conservação. Foi realizado um inventário exaustivo do património azulejar e de azulejos fingidos na região demarcada da Bairrada.
Com este estudo foi distinguida com o “Prémio SOS Azulejo 2011”: Investigação – História da Arte. Este estudo foi editado no início de 2016 “SANTOS, Cláudia Emanuel - Artes decorativas nas fachadas da arquitectura bairradina. Azulejos e fingidos (1850-1950). Mealhada: Ed. Câmara Municipal da Mealhada, 2015” e contém o respetivo estudo e as fichas de inventário dos oito concelhos inventariados. Estão ainda incluídos os catálogos de fábricas que permitiram a identificação dos azulejos.
Frequenta atualmente o doutoramento na Universidade Católica do Porto em “Estudos de Património”, com a tese subordinada ao tema “Jorge Rey Colaço: Biografia, inventário azulejar e problemas de conservação (1868-1942)” (em fase de conclusão), com orientação da Dr.ª Eduarda Vieira e do Dr. João Mimoso. A tese para além da biografia e inventariação da obra azulejar de Jorge Colaço em Portugal, Açores e Madeira, apresenta os estudos prévios que efetuou. Pretende ainda dar a conhecer as diversas técnicas que o pintor utilizou na sua obra. Um inventário com esta magnitude revelou problemáticas distintas na conservação da obra azulejar que urgia serem estudadas.
Foi docente do ensino secundário de 1999 a 2011 na área das artes (História da arte, Artes visuais, Oficina de artes). Atualmente Conservadora de Património da Santa Casa da Misericórdia da Mealhada, desde 2011 até ao corrente.

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